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Projeto “Escritas de Si”

A escrita, o cuidado e governo de si – ou sobre como não deixar o corpo morar no passado ou no futuro.

Escrita de si é um projeto clínico que nasce de uma inquietação em torno do que pode ser experimentar a liberdade. Liberdade não em seu aspecto metafísico (ser o meu máximo, estar no meu máximo, viver o máximo e o mais sublime, viver o ideal). Uso o sentido mais prático possível, isto é, o de uma ética: diante de algo que me acontece, captando ali o que atravessa e forma meu corpo e pensamento, eu me lanço para o que quero fazer e o que posso fazer com isso tudo, naquele momento.

 Não há ingenuidades nisso. Partimos de determinados lugares e são diversas as normas que dizem o que é bom e o que é ruim entre nós, sabemos. Só que o poder não é limitador, o poder é produtor de jeito de estar, de viver e de sentir a vida. Se tornar o mais livre e ético possível talvez seja assumir que o que sou é sempre uma configuração temporária, a qual emerge do cruzamento entre as condições históricas que me atravessam e do eu que sou capaz de fazer de mim junto com tudo isso, para atravessar tudo isso.

A escrita de si é então resistência e reexistência. É uma ação para alterar o que se faz, como se faz, como se pensa a si. A escrita abre espaço e transforma as sensibilidades do ser que escreve para que não reste preso a um acontecimento apenas. Quem escreve a si não deixa de se transformar e não habitará apenas o passado ou o futuro.

Topa entrar nesse trajeto ou conhece alguém que se beneficiaria? Me chame. Novos grupos de escrita de si estão prestes a começar.